martes, 9 de marzo de 2010

O MISTÉRIO DOS ORIXÁS E DAS BONECAS:
RAÇA E GÊNERO NA ANTROPOLOGIA BRASILEIRA
Etnográfica, Vol. IV (2), 2000, pp. 233-265
Mariza Corrêa
 Sobre a ênfase na política, observe-se que uma das consequências do II Congresso foi a criação, no mesmo ano de 1937, da União das Seitas Afro-Brasileiras, em grande medida graças à atuação de Édison Carneiro. Numa carta daquele ano, ele dizia a Arthur Ramos: “estou vendo se consigo a liberdade religiosa dos negros” (em Oliveira e Lima 1987: 152), liberdade que, no entanto, só foi juridicamente estabelecida por um decreto do governador do estado no ano de 1976. Além de ser perseguido como “comunista”, perseguição que persistiu até a época do golpe militar de 1964 (ver Vilhena 1997), Édison Carneiro era irmão do jornalista e advogado, depois senador, Nelson Carneiro, inimigo declarado do então governador da Bahia, Juracy Magalhães. Ao longo de sua vida Édison Carneiro abrandaria sua posição política ao ponto de ter tido um desentendimento com um dos organizadores (além dele, Guerreiro Ramos e Abdias do Nascimento) do I Congresso do Negro Brasileiro, no Rio, em 1950. No que Abdias do Nascimento chamou de “Declaração dos ‘cientistas’”, Carneiro, Guerreiro Ramos, Costa Pinto e Darcy Ribeiro, entre outros, repudiavam “o acirramento de ódios e rivalidades injustificáveis entre os homens, com o ressurgimento do racismo” e afirmavam que embora o negro brasileiro “ainda conserve reminiscências africanas em certas atitudes sociais, já constitui um ser fundamentalmente brasileiro, parte da cultura nacional do Brasil” (Nascimento 1982: 399). Sobre a ênfase na “africanização” dos cultos afro-brasileiros, ver o excelente trabalho de Dantas (1988).
http://ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_04/N2/Vol_iv_N2_233-266.pdf

miércoles, 3 de marzo de 2010

Jogo da Mandinga


FUENTE: http://etd.ohiolink.edu/send-pdf.cgi/Brough%20Edward%20Luna.pdf?acc_num=osu1195592448

Tudo são misturas..................

Marcel Mauss: “Tudo são misturas, misturam-se as almas nas coisas, misturam-se as coisas nas almas, e é assim que as pessoas e as coisas misturadas saem cada qual de suas esferas e se misturam”.

Bosquimanos del Kalahari:
Link de Musica de berimbau (seguir  primera canción)
http://www.archive.org/details/BushmenOfTheKalahari

Link de Danzas Bosquimanas (Jogo)

martes, 2 de marzo de 2010

Manoel Leocadio,capoeira alistado para la Revolta de Floriano e Guerra de Canudos


110 anos de vida - Um escrínio de recordações...

Maria Theresa de Jesus, internada no Asilo dos Invalidos, fala a A Tribuna, evocando coisas da cidade antiga, numa linguagem pitoresca e viva:


- Eu, como já disse a sinhozinho, me casei no Jabaquara com o Manoel Leocádio, crioulo desempenado, capoeira destemido e com um batuque, que só vendo!
- Trabalhei muito para meu "home". Mais a vida era boa. Nos "sábado", todas as noites, tinha batucada. O samba ia "inté" o sol raiar. E como eu era doida por um batuque! .

Revolta de Floriano e Guerra de Canudos - Com visível tristeza se refere a esses dois acontecimentos da nossa história: Revolta de Floriano e Guerra de Canudos.
- Quando rebentou a revolta de Floriano (padre de Zeca Floriano)(1), o coronel Quintino Lacerda, o "interventô" do Jabaquara naquele tempo, formou um batalhão, que seguiu para a ponte do Casqueiro, aguardar o inimigo. Manoel Leocádio, que foi um dos primeiros a se "alistá", partiu também, e eu com ele. Fui servir de cozinheira. Passamos lá algum tempo. Tudo acabado, nós voltamos para Jabaquara.
- Veio a guerra de Canudos. Leocádio se alistou e partiu, porém não voltou mais. Morreu, brigando contra o malvado do tal Antonio Conselheiro.

JOSÉ PEDRO DE OLIVEIRA Tenente Coronel José Pedro de Oliveira, nascido em 1858 na cidade de Sorocaba, de origem humilde, veio para São Paulo a fim de ingressar no Corpo Policial Permanente em 1873, tendo sido promovido a alferes em 1890. Foi Subcomandante do 1° Batalhão (hoje 1° BPChq - BTA) no ano de 1897 quando, como major, comandou a unidade na Campanha de Canudos. mesmo ferido no combate, liderou pessoalmente uma das colunas de ataques ao último reduto de Antônio Conselheiro.Tenente Coronel em 1905, comandou a Guarda Cívica, recém criada na capital. com a grave crise que se instalou na Força Pública, quando da vinda da missão francesa, e conseqüente exoneração do Comandante Geral, foi nomeado para o Comando Interino da Milícia, a 8 de maio de 1906, onde aplainou, pela liderança, respeito e carisma pessoal que gozava entre seus subordinados, o árduo caminho dos militares franceses. Faleceu no exercício do Comando, em 1909. Sua obra à frente da força foi das mais benéficas, devendo-se a ele a consolidação da Caixa Beneficente e a reforma do Hospital Militar.

Grande batuqueiro da época foi Tibúrcio José de Santana, (década de 50, em Jaguaripe)

FOTO: Mestre Bimba e Tiburcinho de Jaguaripe, antigo lutador de Batuque. Academia de Bimba Nordeste de Amaralina, 1971
video :Entrevista Tibúrcio José de Santana.
http://www.youtube.com/watch?gl=ES&feature=player_embedded&v=Ll7-mpBi0gc
UNESCOM - Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional
Fundamentos da Cultura Musical no Brasil e a Folkcomunicação.
Grande batuqueiro da época foi Tibúrcio José de Santana, (década de 50, em Jaguaripe) quando, em entrevista, confirmou o nome de batuqueiros famosos com os quais conviveu e lutou 6 :

Lúcio Grande (Nazaré das Farinhas),
Pedro Gustavo de Brito,
Gregório Tapera,
Francisco Chiquetada,
 Luís Cândido Machado (pai de Bimba),
Zeca de Sinhá Purcina,
Manoel Afonso (de Aratuípe),
Mansú Pereira ,
Pedro Fortunato ,
Militão,
Antônio Miliano,
Eusébio de Tapiquará (escravo da família Abdom em Jaguaripe).
Segundo Édison Carneiro 7, ...a competição mobilizava um par de jogadores de cada vez. Havia golpes como a encruzilhada em que o atacante atirava as duas pernas contra as pernas do adversário, a coxa lisa, em que o jogador golpeava coxa contra coxa, acrescentando ao golpe uma raspa, o baú, quando as coxas do atacante davam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente.
No século XVIII, constituído de instrumentos de percussão (membranofones, idiofones), o Batuque surgiu com esta designação, em conseqüência da homologação entre os atos do "bater", verificados, tanto na forma primitiva do candomblé - o batucajé na Bahia, dança religiosa de negros ( onde os atabaques marcam o ritmo para o contato com as divindades) 8, quanto numa modalidade de capoeira, o famoso batuque-boi ou pernada (ou batuque), luta popular de origem africana muito praticada nos municípios de Cachoeira, Santo Amaro e Salvador, acompanhada de pandeiro, ganzá, berimbau ( o único cordofone + idiofone, como exceção), e cantigas. É de procedência banto como a capoeira.
Segundo Artur Ramos, em outras manifestações religiosas e profanas variantes do batuque podem ainda ser citadas: o batuque do jaré, no interior do mesmo Estado, as danças do tambor, no Maranhão...(tambor-de-mina ou tambor-de-crioula de origem jeje , conforme culto dos Voduns, equivalentes aos Orixás nagôs), a dança cambinda (chamada piauí), etc. Anotamos também a punga (ou ponga), coreográfica, de caráter profano. Ainda o sorongo, o alujá, o quimbete, o cateretê, o jongo, a chiba, o lundu, o maracatu, o coco-de-zambê, o caxambu, o samba (rural de roda, de lenço, partido-alto, etc.), bambelô, e outras 9.
Todas as danças citadas são derivadas desse mesmo eixo denominado Batuque que originou a dança de roda, quando o sagrado e o profano fundem-se num amálgama de ritmos em que as ‘batidas’ no tambor - instrumento imprescindível nessas práticas significantes -, determinaram o canto e a gestualidade que implicaram idéias, modos de sere de agir. Observamos, ainda: a) no candomblé, o bater das palmas , o bater no gã (campânula de ferro) com uma baqueta em ferro, o bater do adjá (sino para fazer “cair no santo”), o bater nos atabaques (rum, rumpi e lé) para acompanhar os cânticos e os gestuais dedicados aos Orixás; b) na capoeira, o bater nos atabaques (Angola), nos pandeiros, da do berimbau (contra o fio de aço), no caxixi, acompanhando passos de defesa pessoal, com trejeitos de ginga (insinuando dança), volteios, simulações, jogo perigoso de corpo, pernadas mais tarde conhecidas como “batucada brava” praticada por negros exescravos que conservavam a destreza desses movimentos para sua defesa, relembrando quando eram perseguidos pelos senhores de engenho.
6 MOURA, J. - Mestre Bimba. Salvador (BA): Prod. Zumbimba, 1993, p. 43.

7 CARNEIRO, E.–A Sabedoria Popular. Rio de Janeiro: Edição de Ouro (1948), Civilização Brasileira, 1978.
8 RAMOS, A. - O negro Brasileiro - Rio de Janeiro: Editora CASA - Est. do Brasil, 1934 - p.162.
9 SODRÉ, M. - Samba.O dono do corpo . Rio de Janeiro: Editora Codreci. Coll. Alternativa, vol. I –1979, p.26.
http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/34/GT2-_FOLKCOM-_04-_Fundamentos_da_Cultura_Musical_-_Nicia.pdf

lunes, 1 de marzo de 2010

1950-BAHIA- Tiburcio (batuquero) con 80 anhos frecuentaba la academia de Pastinha


Mestre Tiburcinho, também conhecido como Tibúrcio de Jaguaripe, é lembrado entre poucos capoeiristas (infelizmente, poucos capoeiristas mesmo hoje em dia) como um mestre de batuque. Mas ele também foi um grande mestre de capoeira e figura importante da cultura popular brasileira.
Tibúrcio José de Santana nasceu por volta de 1870 em Jaguaripe. Aprendeu o batuque com Mestre Bernardo, ali no Recôncavo mesmo. Foi um grande batuqueiro e um dos últimos a preservar essa arte (o batuque era uma luta/dança parecida com a capoeira, onde os jogadores usavam as pernas para desequilibrar o adversário, jogada ao som de músicas, ritmada por pandeiros e bastante violenta, uma vez que muitos golpes tentavam acertar a região genital ).
Chegou em Salvador de saveiro, como a maioria dos trabalhadores da região. Conheceu a capoeira de Salvador no Mercado Popular e se enturmou com os capoeiristas locais, se tornando um deles. Ficou famoso nas rodas de capoeira pela sua habilidade.


Depois de algum tempo, Mestre Tiburcinho começou a freqüentar a academia de Mestre Pastinha e era muito visto por lá. Com mais de 80 anos, era um capoeirista malicioso, mandingueiro, perigoso. Cantava sempre músicas da outra luta que praticava, mantendo-as vivas, como:
Ê loandê... Tiririca é faca de cortá... num me corta molequinho de sinhá...
Outro fato importante para a cultura brasileira é que foi Mestre Tiburcinho, levado a Mestre Bimba por Mestre Decânio, quem ajudou o famoso criador da Capoeira Regional a lembrar-se de muitas cantigas e até coreografias de maculelê. Graças a esse encontro, Mestre Bimba começou a colocar o maculelê em apresentações com seu grupo (o que fez com que o maculelê fosse estudado e apresentado por vários grupos de capoeira até hoje). Se o batuque Mestre Tiburcinho não conseguiu manter vivo, a "redescoberta" do maculelê teve uma grande força dele.
Esse grande Mestre participou do “Dança de Guerra”, filme de Jair Moura. É citado entre outros capoeiristas no livro “Tenda dos Milagres”. E a gente faz questão de lembrar o nome dele por aqui.

http://zungucapoeira.blogspot.com/2009/06/mestre-tiburcinho-batuque-capoeira-e-o.html
Más información:
Mestres e capoeiras famosos da Bahia
Autores Pedro Rodolpho Jungers Abib, Alex Meneses de Jesus
Editor EDUFBA, 2009
ISBN 8523205624, 9788523205621
N.º de páginas 184 páginas