FOTO: 1961-J.Amado y Pastinha.
Jorge Amado & Mestre Pastinha "Una visión Deportivo-Cultural de la Capoeira Angola".....O escritor Jorge Amado também reage às transformações realizadas por Bimba, publicando o seguinte trecho, em que afirma abertamente a sua posição: Trava-se atualmente nos arraiais da capoeira na Bahia uma grande discussão. Acontece que mestre
Bimba foi ao Rio de Janeiro mostrar aos cariocas da Lapa como é que se joga capoeira. E lá
aprendeu golpes de catch-as-catch-can, de jiu-jitsu, de boxe.
Misturou tudo isso à capoeira de Angola, aquela que nasceu de uma dança dos negros, e voltou à sua cidade falando numa nova capoeira, a “capoeira regional”. Dez capoeiristas dos mais cotados me afirmaram, num amplo e democrático debate que travamos sobre a nova escola de mestre Bimba, que a “regional” não merece confiança e é uma deturpaçãoda velha capoeira “angola”, a única verdadeira. (
Amado, 1958: 185)
.....O capoeirista deve ter em mente que a Capoeira não visa, exclusivamente, preparar o indivíduo para o ataque ou a defesa contra uma agressão, mas, desenvolver, ainda, por meio de exercícios físicos e mentais, um verdadeiro estado de equilíbrio psico-físico, fazendo do capoeirista um autêntic o desportista, um homem que sabe dominar-se antes de dominar o adversário. (
Mestre Pastinha, 1964: 35)
http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/354.pdf
Na sociedade brasileira, do fim do século XIX e inicio do século XX, tal processo pode ser exemplificado através do depoimento de mestre Pastinha sobre a capoeira:
No começo é que foi bom, capoeira era luta mesmo, era briga mortal. Por isso é que não pode ser esporte (...). Para o capoeirista brigar, tem que dar o golpe com força mortal. Por isso que agora se faz o jogo de capoeira à distância maior que o normal, mais lenta, para não acertar,
para não matar ninguém (O Estado de São Paulo , 16 de novembro de 1969 apud VASSALO, 2003).