domingo, 11 de octubre de 2009

Mandinga


..............No entanto, essas novas representações da luta afro-brasileira, que a integraram à esfera do folclore e ao contexto das exibições turísticas, alteraram a sua maneira de ser praticada. A capoeira começou a ser vista como um espetáculo, o que a levou a um flagrante processo de pacificação. Essa mudança pode ser sentida no próprio discurso de mestre Pastinha:No começo é que foi bom, capoeira era luta mesmo, era briga mortal. Por isso é que não pode ser esporte (...). Para o capoeirista brigar, tem que dar o golpe com força mortal. Por isso que agora se faz o jogo de capoeira à distância maior que o normal, mais lenta, para não acertar, para não matar ninguém. (O Estado de São Paulo, 16 de novembro de 1969.)


http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/354.pdf.
EU SOU ANGOLEIRO1, UM ESTILO MANDINGUEIRO DE
MASCULINIDADE – CAPOEIRA, GÊNERO E CORPORALIDADE
Celso de Brito2
O estilo de masculinidade dos angoleiros não é baseado numa idéia de violência física explicita nem em comportamentos agressivos, mas sim numa mescla entre uma violência controlada e um comportamento teatralizado constituindo uma violência dissimulada posta em prática pelo que os angoleiros chamam de mandinga. A mandinga está relacionada a comportamentos presentes tanto no jogo da capoeira como na vida dos angoleiros, em oposição a uma concepção de pegar na força. Uma ladainha do grupo de angoleiros caracteriza bem essa concepção e o caráter contrastivo dos estilos de masculinidade da capoeira regional e da angola:
Deus não deu inteligência ao lobo/ Nem cobra pode voar/ Que vale
esse corpo todo/ Mas sem cabeça pra pensar/ Se ser forte fosse
vantagem/ Ter grande corpo documento/ Seu Pastinha não existia/
Tava no desconhecimento/ Mas toda roda tem um brabo/ Isso não
dá pra negar/ Que pensa que a valentia/ É ter vontade de brigar/ Se
valentia fosse coragem/ Invés do corpo usasse a mente/ Tu virarias
angoleiro/ E de Pastinha, a semente
12.



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