No dia 13 de novembro de 1936, o jornal o Diário da Bahia publicou uma entrevista concedida por Gilberto Freyre ao jornal Diário de Pernambuco, com o seguinte título: “Em torno do Segundo Congresso Afro-brasileiro”, e o subtítulo, “Falando ao Diário de Pernambuco, o escritor Gilberto Freyre diz do seu receio que o certame se marque dos defeitos de coisas improvisadas”. (apud CLAY, 2006, p.50).
Edison Carneiro (1964, p.98) diz que às vésperas do Congresso da Bahia, os estudiosos
foram surpreendidos com as declarações pessimistas de Gilberto Freyre. Na ocasião, Freyre teria dito:
Só há dois ou três dias soube, por uma carta do escritor Edison Carneiro, que ia realizar-se um segundo Congresso Afro-Brasileiro na Bahia. Receio muito que vá ter todos os defeitos das coisas improvisadas. Deveria ser muito maior o prazo para os estudos, para as contribuições
dos verdadeiros estudiosos. Os verdadeiros estudiosos trabalham devagar. A não ser que os organizadores do atual Congresso só estejam preocupados com o lado mais pitoresco e mais artístico do assunto: as “rodas” de capoeira e de samba, os toques de “candomblé” etc. Este lado é interessantíssimo e na Bahia de certo terá um colorido único. Mas o programa traçado no primeiro Congresso foi um programa mais extenso e incluindo a parte árida, porém igualmente proveitosa para os estudos sociais, de pesquisas e trabalhos científicos. (DIÁRIO DE BAHIA, 13/11/1936 apud CLAY, 2006, p.50).
Conforme Carneiro (1964), o “colorido único” do encontro da Bahia foi o contato entre os estudiosos com o povo negro, diferentemente do de Recife.
O Congresso do Recife, levando Babalorixás com a sua música para o palco do Santa Isabel, pôs em xeque a pureza dos ritos africanos. O Congresso da Bahia não caiu nesse erro. Todas as ocasiões em que os congressistas tomaram contato com as coisas de negro foi no seu próprio meio de origem, nos candomblés, nas rodas de samba e de capoeira.
(CARNEIRO, 1964, p.99).
http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1595
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