jueves, 24 de diciembre de 2009

“serviços” de capoeiragem



Os versos aqui registrados por Almirante num programa de rádio em 1946 são precedidos de sua explanação do porquê da expressão “pegar na chaleira”: o senador gaúcho, Pinheiro Machado, líder do Partido Rebublicano, conservador, de grande influência política, tinha o costume de levar uma chaleira para preparar seu chimarrão. Aos aduladores, interessados em seu poder e influência, sempre prontos a servi-lo a qualquer custo, foi aplicada a expressão “pegar na chaleira” como forma de demonstrar o ato de bajular – não importando o quão quente estivesse a chaleira, os aduladores, muitas vezes, pegavam a chaleira fervendo ou “pelo bico”, causando estrago para suas mãos e tornandose fonte de piada para terceiros. Podemos ir mais além. “Subir esta ladeira” referia-se à residência do senador, que ficava no alto do morro da Graça (Glória), e era freqüentada por muitos políticos, proprietários de jornais, e até mesmo pelo João da Baiana, capoeira fiel ao senador, que mantinha lá suas afinidades com ele, para além dos “serviços” de capoeiragem prestados em época de eleição. Pinheiro Machado chegou a mandar restituir, certa vez, um pandeiro que João teve apreendido pela polícia.32


32 “O pandeirista João da Baiana também era convidado a animar as festas do então senador Pinheiro
Machado. Em 1908, não pôde comparecer a uma dessas festas pois a polícia apreendera seu pandeiro (...)
quando tocava nas ruas da Penha. Sabendo do ocorrido, no dia seguinte Pinheiro Machado deu de presente a João da Baiana um novo pandeiro com a inscrição: ‘A minha admiração, João da Baiana, senador Pinheiro Machado’.” Apud Hermano Vianna. O mistério do samba. Op. cit., p. 114.

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