lunes, 1 de agosto de 2011

domingo, 27 de febrero de 2011

1920- Urucungo a gemer na cadência do jongo

Do taquaral à sombra, em solitária furna,
(para onde, com tristeza, o olhar curioso alongo),
sonha o negro, talvez, na solidão nocturna,
tom os límpidos areais das solidões do Congo.
Ouve-lhe a noite a voz nostálgica e soturna,
num suspiro de amor, num murmurejo longo,
e o rouco, surdo som zumbindo na cafurna,
é o urucungo a gemer na cadência do jongo.
Bemdito sejas tu, a quem, certo, devemos
a grandeza rial de tudo quanto temos!
Sonha em paz! Sê feliz! E que eu fique de joelhos,
sob o fúlgido céu, a relembrar, magoado,
que os frutos do café são glóbulos vermelhos
do sangue que escorreu do negro escravizado!
Ciro Costa
(Brasileiro)
FUENTE: (PAG 72) Os cem sonetos ; com um pref. de Mayer Garção (1920), Author: Garção, Francisco de Sande Salema Mayer, 1872-1930, Subject: Sonnets, Portuguese; Sonnets, Brazilian, Publisher: Lisboa : Impr. Nacional, Language: Portuguese

jueves, 10 de febrero de 2011

1907- PARÁ- Tocador de Berimbau

(pag 9-10)- Chico Berimbau :—Voç6 só conta broca é nessa viola, seu cumpade. Eu quero vê o bicho, mas porém é no berimbau, Rrrraque!

Gregório :
Quando Christo fez o mundo,
não foi tudo dua veis,
criou gente, criou burro,
cada quá cum sua leis,
e também p'r'os tratamento
fez sinhores e vocêêêês ...
(Palmas do auditório).
Chico Berimbau:—Inda qui má lhe pregunte: de que seltão você é, cabra dos diabo ? Rrrraque ! . . .
—Sô d'ua terra damnada
qui é mciis ruim qui o Piancó,
onde faca não tem pena nem bacamarte tem dó quando um cabra vae p'r'a cova,
leva três, já não vae sóóóó . .
—Tá se vendo mesmo pulo teu ôio qui
você não é boa bisca. . . Mas não toca -berimbau.
Tá hi. Rrrraque !
—Não seio se é rezão minha,mas porém não digo mau no meu tempo era só preto qui tocava berimbau,
bebendo na cuia cheia cachaça cum mé de paaau. .
— Você é bruto ! Rrrraque !
ZÉ Botija:—Home, você já tá cuspindo muito fora do caco !
Vá você cum seu birimbau lá p'r'a casa do cão, e deixe nós aperciá o cantado.
—Sarta, coruja, qu'eu sô altista! Rrrraque!
João Vareta :~Não pôde insurtá o altista na sceença d'elle !
Tá incommodado, mude-se!
—Bravíssimo ! Rrrraque !
Dois partidos logo se formaram : um do Gregório, outro do Chico Berimbau, e choveu murro¡
Infelizmente, quem sahiu mal do turumbamba foi o conspícuo cantador, que viu em estilhas a sua adorada Patadva. o pinho mais famoso e querido nos sambas do Áracaty.

FUENTE: Pessoal d'arrelia ; Que tenho eu com isto? [microform] : em commemoração ao 32. anniversario d'A Provincia do Pará (1907), Author: Canto, João do; Canto, João do. Que tenho eu com isto?, Publisher: Belém, Pará : Secção de Obras d'A Provincia do Pará, Language: Portuguese



miércoles, 9 de febrero de 2011

1760- Bahia differentes divertimentos- dansas africanas

...................(pag 53-54) do Ganzá entoados algunas vezes pelas harmonias do Quissange, da Marimba, do Birimbáo ou do Gongon.

No sertão do Maranhão usa-se um batuque originalissimo, que pela denominação dos instrumentos bem parece a transformaço do samba africano em samba brasileiro. Compõe-se este samba ou batuque dos seguintes instrumntos: o Pererenga, atabaque de pequena dimensào que exerce o papel de cantante por ser o mais agudo ; o Fungador, que por ser médio faz o contra-tempo; o Socador, que por ser grave faz a marcação, e finalmente o Roncador, que Por ser muito grande e produzir sons muito graves, exerce o papel de contra-baixo ou bombardon e emitte compassada e alternativamente sons tào profundos e cavernosos que parecem sahirem mysteriosamente das entranhas da terra.
Por occasiào das festas em honra ao casamento de D. Maria I, rainha de Portugal, com o principe D. Pedro, a 6 de Junho de 1760, fizeram-se aqui na Bahia differentes divertimentos, a maior parte dansas africanas, das quaes constam: A Dansa dos Offíciaes de Cutellaria e da Carpintaria assciadamente vestidos com fardas mouriscas; a dansa dos Congos, que apresentaram os ourives em forma de embaixada; o Reinado dos Congos, que se compunha de mais de oitenta mascaras, com fardas ao seu modo de trajar, ………..após as cerimonias da chegada do Rei e da Raina, os Sobas e mais personagens de sua guarda de honra deram començo a funcção, dansando as Tayeras e os qucumbres ao som dos instrumentos propios do seu uso e rito.
FUENTE: A musica no Brasil desde os tempos coloniaes até o primeiro decenio da republica (1908)Author: Guilherme Theodoro Pereira de Mello, Publisher: Typ. de S. Joaquim, Year: 1908, Language: Portuguese

capoeira fight-dance imported from Angola.

88-89-The Cultura lists:

It was in the study of Afro- Brazilian culture that anthropologists and ethnologists first documented the extensive influence exerted on Brazil by the vast numbers of slaves brought from West Africa, the Congo; and Angola until the traffic was piohiljited in the late 1850' s.12
In the fields of religion, arts, rnuslc, folklore, language, literature, and family life, the Negro in Brazil and especially in the Northeast and Minas Gerais has imparted to the general culture much which serves to distinguish it sharply from, the traditions of the rest of South 13 America and also from those of Portugal. Yoruba and Ewe peoples brought to Bahia introduced their system of deities and rites, which are still worshipped and practiced in the cults of candomble, umbanda, and macumba apparently gaining in popularity throughout Brazil, interweaving with the reverence of Catholic saints to the point of popular
confusion, Yemanja, Ogun, Shango, Nana Buku, Oya and others blend with the Christian figures of Santa Barbara, Santo Antonio, and the Virgin Mary. In music, the famous samba, the maracatii, and the baiao are of African origin, as are such instiijments as the cuica and reco-reco, particularly in evidence at Carnival time, and the berimbau, whose twanging notes signal the start of the capoeira fight-dance imported from Angola.
12 For a guide to the rich bibliography on the subject see Manuel Diegues Junior, "The Negro in Brazil: A Bibliographic Essay, " African Forum . 11, No. 4 (Spring, 1957), 97-109.
13A summary of these contributions was published by Itamaraty for distribution at the 1966 Negro Arts Festival in Dakar, See: Brazil, Ministry of Foreign Relations, The African Contribution to Brazil (Rio de Janeiro: Edigraf, 1966), pp. 1-109.
FUENTE: Afro-Asian dimension of Brazilian foreign policy 1956-1968. (1970), Author: Selcher, Wayne Alan, 1942-, Publisher: [Gainesville] University of Florida, Language: English

sábado, 8 de enero de 2011

1835-Miudinho-batuque y arco musical

TÍTULO DO ORIGINAL:

ZEHN JAHRE IN BRASILIEN
Während der Regierung Don Pedro's und nach dessen Entthronung. - Mit besonderer Hinsicht auf das Schicksal der Ausländischen Truppen und der deutschen Colonisten. Von CARL SEIDLER Vormaligen Offizier in Kaiserlich brasilianischen Diensten. Quedlinburg und Leipzig Druck und Verlag von Gottfr. Basse 1835
144 CARL SEIDLER
. Se bem que nesse ato solene não houvesse ninguém de ânimo alegre, explodiu generalizada gargalhada ; o padre, a quem o laço passara pelo meio das pernas, com um valente salto para o ar nos revelou que só a batina lhe velava a nudez ; refeito do susto, levantou- se depressa do chão. a berrar aos músicos que tocassem o miudinhio (sie) (dansa muito comum no Brasil, mas muito indecente).
204 CAKL SEIDLER
Dois homens fortes carregavam um grosso pedaço de tronco oco, revestido de couro, no qual logo um deles entrou a bater com os pés como num tambor (120) ; outros instrumentos, de sons que casavam com o do tambor, apareceram pouco a pouco e rompeu uma música pela qual certamente teria manifestado respeito o próprio tambor-mor Rossini...... Começou depois ao ar livre um baile, que regulava com a música e a cantoria. Imaginem-se as mais detestáveis contrações musculares, sem cadência, os mais indecentes requebros das pernas e braços semi-nus, os mais ousados saltos, as saias esvoaçantes, a mímica mais nojenta, em que se revelava a mais crua volúpia carnal — tal era a dansa em que, desde o começo as graças se transmudavam em bacantes e fúrias
(120) O que o autor aí refere é uma legítima cerimonia africana. No Rio Grande do Sul, pelo menos até 1902, esses festins não eram raros e os brancos davam- lhes o nome de batuque. Em Porto Alegre o autor desta Nota quando menino viu coisa semelhante.
DEZ ANOS NO BRASIL 237
Nos dias de festa também lhes é permitido de se entregarem livremente a seus folguedos. Costumam então reúnir-se em lugares a isso destinados, perto das cidades, para esquecerem com a música e a dansa as penas e tristezas da semana. Os instrumentos musicais de que aí se servem são em regra extremamente simples, o que não impede que toquem alguns deles com grande perícia. O mais importante deles consiste numa meia cabeça ou porongo, com hastezinhas de ferro, o qual de todos é o que soa mais agradavelmente. Também usam uma corda de tripa esticada sobre um arco, bem como tocam com as mãos uma espécie de tambor.
302 CARL SEIDLER
"Ora!", teria respondido D. Pedro ao bajulador, "que grande coisa perdi eu? Tinha que ineomodar-me com problemas de governo e na Europa viverei de futuro em feliz far niente (sie) e quando muito tocarei de vez em quando, para mim e a minha roda, um miudinho"
Nota: BIBLIOTECA HISTÓRICA BRASILEIRA, Direção de Rubens Borba de Moraes, VIII, Cari Seidler. ex-oficial do Império Brasileiro, Dez anos no Brasil TRADUÇÃO E NOTAS DO, GENERAL BERTOLDO KLINGER, PREFÁCIO E NOTAS DO, CORONEL F. DE PAULA CIDADE, Ex-professor de história militar. Doação de ambos à Biblioteca Riograndense, da cidade do Rio GrandeLIVRARIA MARTINS, RUA 15 DE NOVEMBRO, 13B, S. PAULO.
Trabalho composto e impresso na EMPRESA GRÁFICA DA "REVISTA DOS TRIBUNAIS" LTDA. À rua Conde de Sarzedas, 38 — S. Paulo para a LIVRARIA MARTINS em novembro de 1941

domingo, 2 de enero de 2011

Os Quillengues têem um exercício a que chamam ómudinhu

1. Boletim da Sociedade de geographia de Lisboa: Volúmenes 26-27 ,Sociedade de Geografia de Lisboa - 1907 - Vista de fragmentos

... batendo todos um cadenciado de palmas e dando pulos. Chamam-lhe ésáka. Os Quillengues têem um exercício a que chamam ómudinhu, que consiste em saltos prodigiosos em que atiram com as pernas posteriormente para o ar ea cabeça para baixo. E' acompanhado de palmas fortes. 77.»

1. Boletim Cultural: Números 20-25 ,Luanda (Luanda, Angola). Câmara Municipal - 1968 - Vista de fragmentos
... a que chamavam ómudinhu, o qual consistia em «saltos prodigiosos em que atiravam com as pernas posteriormente para o ar ea cabeça para baixo». Este jogo era acompanhado de palmas fortes. Na realidade, esta nota dinâmica do jogo,
Nota del pesquisador: Este modelo de déficit supõe que africanos não tiveram nenhuma arte marcial
como modelo para combinarem movimentos de dança para defender-se. Matthias Assunção propôs recentemente uma hipótese de variante de que o jogo de capoeira é um híbrido, feito da mistura de artes marciais africanas numerosas tais como a cufuinha de Luanda (uma dança de guerra manejando uma faca sem chutes), a bassula de Angola (uma luta em que os oponentes se agarram) e o ómudinhu (uma dança acrobática cimbebasiana de inversão corpórea) (ASSUNÇÃO, 2005, p. 47-66).
Esta teoria indaga: se o jogo de capoeira era um sistema híbrido de luta sob a opressão do cativeiro, por que os escravos não incorporavam os movimentos mais mortais e eficientes da África como os ganchos senegambianos, as artes marciais mistas como eko-cheche e os socos poderosos de boxe de dambe dos Hausas, que podiam ser aprendidos muito mais rápido do que pontapés acrobáticos? Mais importante: não há nenhuma evidência segura das técnicas de bassula ou cufuinha como componentes centrais do jogo de capoeira.7. fuente: Antropolítica N iterói, n. 24, p. 103-124, 1. sem. 2008