domingo, 27 de febrero de 2011

1920- Urucungo a gemer na cadência do jongo

Do taquaral à sombra, em solitária furna,
(para onde, com tristeza, o olhar curioso alongo),
sonha o negro, talvez, na solidão nocturna,
tom os límpidos areais das solidões do Congo.
Ouve-lhe a noite a voz nostálgica e soturna,
num suspiro de amor, num murmurejo longo,
e o rouco, surdo som zumbindo na cafurna,
é o urucungo a gemer na cadência do jongo.
Bemdito sejas tu, a quem, certo, devemos
a grandeza rial de tudo quanto temos!
Sonha em paz! Sê feliz! E que eu fique de joelhos,
sob o fúlgido céu, a relembrar, magoado,
que os frutos do café são glóbulos vermelhos
do sangue que escorreu do negro escravizado!
Ciro Costa
(Brasileiro)
FUENTE: (PAG 72) Os cem sonetos ; com um pref. de Mayer Garção (1920), Author: Garção, Francisco de Sande Salema Mayer, 1872-1930, Subject: Sonnets, Portuguese; Sonnets, Brazilian, Publisher: Lisboa : Impr. Nacional, Language: Portuguese

jueves, 10 de febrero de 2011

1907- PARÁ- Tocador de Berimbau

(pag 9-10)- Chico Berimbau :—Voç6 só conta broca é nessa viola, seu cumpade. Eu quero vê o bicho, mas porém é no berimbau, Rrrraque!

Gregório :
Quando Christo fez o mundo,
não foi tudo dua veis,
criou gente, criou burro,
cada quá cum sua leis,
e também p'r'os tratamento
fez sinhores e vocêêêês ...
(Palmas do auditório).
Chico Berimbau:—Inda qui má lhe pregunte: de que seltão você é, cabra dos diabo ? Rrrraque ! . . .
—Sô d'ua terra damnada
qui é mciis ruim qui o Piancó,
onde faca não tem pena nem bacamarte tem dó quando um cabra vae p'r'a cova,
leva três, já não vae sóóóó . .
—Tá se vendo mesmo pulo teu ôio qui
você não é boa bisca. . . Mas não toca -berimbau.
Tá hi. Rrrraque !
—Não seio se é rezão minha,mas porém não digo mau no meu tempo era só preto qui tocava berimbau,
bebendo na cuia cheia cachaça cum mé de paaau. .
— Você é bruto ! Rrrraque !
ZÉ Botija:—Home, você já tá cuspindo muito fora do caco !
Vá você cum seu birimbau lá p'r'a casa do cão, e deixe nós aperciá o cantado.
—Sarta, coruja, qu'eu sô altista! Rrrraque!
João Vareta :~Não pôde insurtá o altista na sceença d'elle !
Tá incommodado, mude-se!
—Bravíssimo ! Rrrraque !
Dois partidos logo se formaram : um do Gregório, outro do Chico Berimbau, e choveu murro¡
Infelizmente, quem sahiu mal do turumbamba foi o conspícuo cantador, que viu em estilhas a sua adorada Patadva. o pinho mais famoso e querido nos sambas do Áracaty.

FUENTE: Pessoal d'arrelia ; Que tenho eu com isto? [microform] : em commemoração ao 32. anniversario d'A Provincia do Pará (1907), Author: Canto, João do; Canto, João do. Que tenho eu com isto?, Publisher: Belém, Pará : Secção de Obras d'A Provincia do Pará, Language: Portuguese



miércoles, 9 de febrero de 2011

1760- Bahia differentes divertimentos- dansas africanas

...................(pag 53-54) do Ganzá entoados algunas vezes pelas harmonias do Quissange, da Marimba, do Birimbáo ou do Gongon.

No sertão do Maranhão usa-se um batuque originalissimo, que pela denominação dos instrumentos bem parece a transformaço do samba africano em samba brasileiro. Compõe-se este samba ou batuque dos seguintes instrumntos: o Pererenga, atabaque de pequena dimensào que exerce o papel de cantante por ser o mais agudo ; o Fungador, que por ser médio faz o contra-tempo; o Socador, que por ser grave faz a marcação, e finalmente o Roncador, que Por ser muito grande e produzir sons muito graves, exerce o papel de contra-baixo ou bombardon e emitte compassada e alternativamente sons tào profundos e cavernosos que parecem sahirem mysteriosamente das entranhas da terra.
Por occasiào das festas em honra ao casamento de D. Maria I, rainha de Portugal, com o principe D. Pedro, a 6 de Junho de 1760, fizeram-se aqui na Bahia differentes divertimentos, a maior parte dansas africanas, das quaes constam: A Dansa dos Offíciaes de Cutellaria e da Carpintaria assciadamente vestidos com fardas mouriscas; a dansa dos Congos, que apresentaram os ourives em forma de embaixada; o Reinado dos Congos, que se compunha de mais de oitenta mascaras, com fardas ao seu modo de trajar, ………..após as cerimonias da chegada do Rei e da Raina, os Sobas e mais personagens de sua guarda de honra deram començo a funcção, dansando as Tayeras e os qucumbres ao som dos instrumentos propios do seu uso e rito.
FUENTE: A musica no Brasil desde os tempos coloniaes até o primeiro decenio da republica (1908)Author: Guilherme Theodoro Pereira de Mello, Publisher: Typ. de S. Joaquim, Year: 1908, Language: Portuguese

capoeira fight-dance imported from Angola.

88-89-The Cultura lists:

It was in the study of Afro- Brazilian culture that anthropologists and ethnologists first documented the extensive influence exerted on Brazil by the vast numbers of slaves brought from West Africa, the Congo; and Angola until the traffic was piohiljited in the late 1850' s.12
In the fields of religion, arts, rnuslc, folklore, language, literature, and family life, the Negro in Brazil and especially in the Northeast and Minas Gerais has imparted to the general culture much which serves to distinguish it sharply from, the traditions of the rest of South 13 America and also from those of Portugal. Yoruba and Ewe peoples brought to Bahia introduced their system of deities and rites, which are still worshipped and practiced in the cults of candomble, umbanda, and macumba apparently gaining in popularity throughout Brazil, interweaving with the reverence of Catholic saints to the point of popular
confusion, Yemanja, Ogun, Shango, Nana Buku, Oya and others blend with the Christian figures of Santa Barbara, Santo Antonio, and the Virgin Mary. In music, the famous samba, the maracatii, and the baiao are of African origin, as are such instiijments as the cuica and reco-reco, particularly in evidence at Carnival time, and the berimbau, whose twanging notes signal the start of the capoeira fight-dance imported from Angola.
12 For a guide to the rich bibliography on the subject see Manuel Diegues Junior, "The Negro in Brazil: A Bibliographic Essay, " African Forum . 11, No. 4 (Spring, 1957), 97-109.
13A summary of these contributions was published by Itamaraty for distribution at the 1966 Negro Arts Festival in Dakar, See: Brazil, Ministry of Foreign Relations, The African Contribution to Brazil (Rio de Janeiro: Edigraf, 1966), pp. 1-109.
FUENTE: Afro-Asian dimension of Brazilian foreign policy 1956-1968. (1970), Author: Selcher, Wayne Alan, 1942-, Publisher: [Gainesville] University of Florida, Language: English