martes, 2 de marzo de 2010

Grande batuqueiro da época foi Tibúrcio José de Santana, (década de 50, em Jaguaripe)

FOTO: Mestre Bimba e Tiburcinho de Jaguaripe, antigo lutador de Batuque. Academia de Bimba Nordeste de Amaralina, 1971
video :Entrevista Tibúrcio José de Santana.
http://www.youtube.com/watch?gl=ES&feature=player_embedded&v=Ll7-mpBi0gc
UNESCOM - Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional
Fundamentos da Cultura Musical no Brasil e a Folkcomunicação.
Grande batuqueiro da época foi Tibúrcio José de Santana, (década de 50, em Jaguaripe) quando, em entrevista, confirmou o nome de batuqueiros famosos com os quais conviveu e lutou 6 :

Lúcio Grande (Nazaré das Farinhas),
Pedro Gustavo de Brito,
Gregório Tapera,
Francisco Chiquetada,
 Luís Cândido Machado (pai de Bimba),
Zeca de Sinhá Purcina,
Manoel Afonso (de Aratuípe),
Mansú Pereira ,
Pedro Fortunato ,
Militão,
Antônio Miliano,
Eusébio de Tapiquará (escravo da família Abdom em Jaguaripe).
Segundo Édison Carneiro 7, ...a competição mobilizava um par de jogadores de cada vez. Havia golpes como a encruzilhada em que o atacante atirava as duas pernas contra as pernas do adversário, a coxa lisa, em que o jogador golpeava coxa contra coxa, acrescentando ao golpe uma raspa, o baú, quando as coxas do atacante davam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente.
No século XVIII, constituído de instrumentos de percussão (membranofones, idiofones), o Batuque surgiu com esta designação, em conseqüência da homologação entre os atos do "bater", verificados, tanto na forma primitiva do candomblé - o batucajé na Bahia, dança religiosa de negros ( onde os atabaques marcam o ritmo para o contato com as divindades) 8, quanto numa modalidade de capoeira, o famoso batuque-boi ou pernada (ou batuque), luta popular de origem africana muito praticada nos municípios de Cachoeira, Santo Amaro e Salvador, acompanhada de pandeiro, ganzá, berimbau ( o único cordofone + idiofone, como exceção), e cantigas. É de procedência banto como a capoeira.
Segundo Artur Ramos, em outras manifestações religiosas e profanas variantes do batuque podem ainda ser citadas: o batuque do jaré, no interior do mesmo Estado, as danças do tambor, no Maranhão...(tambor-de-mina ou tambor-de-crioula de origem jeje , conforme culto dos Voduns, equivalentes aos Orixás nagôs), a dança cambinda (chamada piauí), etc. Anotamos também a punga (ou ponga), coreográfica, de caráter profano. Ainda o sorongo, o alujá, o quimbete, o cateretê, o jongo, a chiba, o lundu, o maracatu, o coco-de-zambê, o caxambu, o samba (rural de roda, de lenço, partido-alto, etc.), bambelô, e outras 9.
Todas as danças citadas são derivadas desse mesmo eixo denominado Batuque que originou a dança de roda, quando o sagrado e o profano fundem-se num amálgama de ritmos em que as ‘batidas’ no tambor - instrumento imprescindível nessas práticas significantes -, determinaram o canto e a gestualidade que implicaram idéias, modos de sere de agir. Observamos, ainda: a) no candomblé, o bater das palmas , o bater no gã (campânula de ferro) com uma baqueta em ferro, o bater do adjá (sino para fazer “cair no santo”), o bater nos atabaques (rum, rumpi e lé) para acompanhar os cânticos e os gestuais dedicados aos Orixás; b) na capoeira, o bater nos atabaques (Angola), nos pandeiros, da do berimbau (contra o fio de aço), no caxixi, acompanhando passos de defesa pessoal, com trejeitos de ginga (insinuando dança), volteios, simulações, jogo perigoso de corpo, pernadas mais tarde conhecidas como “batucada brava” praticada por negros exescravos que conservavam a destreza desses movimentos para sua defesa, relembrando quando eram perseguidos pelos senhores de engenho.
6 MOURA, J. - Mestre Bimba. Salvador (BA): Prod. Zumbimba, 1993, p. 43.

7 CARNEIRO, E.–A Sabedoria Popular. Rio de Janeiro: Edição de Ouro (1948), Civilização Brasileira, 1978.
8 RAMOS, A. - O negro Brasileiro - Rio de Janeiro: Editora CASA - Est. do Brasil, 1934 - p.162.
9 SODRÉ, M. - Samba.O dono do corpo . Rio de Janeiro: Editora Codreci. Coll. Alternativa, vol. I –1979, p.26.
http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/34/GT2-_FOLKCOM-_04-_Fundamentos_da_Cultura_Musical_-_Nicia.pdf

2 comentarios:

  1. Édison Carneiro comenta que “os capoeiras da Bahia denominam o seu jogo de vadiação – e não passa disto a capoeira, tal como se realiza nas festas populares de cidade. Os jogadores se divertem, fingindo lutar [...]”, mas “nem sempre terá sido assim”.1 A capoeira, para muitos mestres ou zeladores, é indefinível.2 E hoje ainda temos muitas faces dela se mostrando, ora de forma cooperativa, ora de forma competitiva, o que torna a tarefa de uma definição um tanto problemática. O embate entre diferentes escolas e grupos de capoeira existentes separa os capoeiras3, permitindo muitas vezes um processo de dominação por fora da capoeira (no sentido de controle externo), com os cuidados na manutenção das tradições sendo colocados de lado (como a escolha e a definição de quem pode e deve ser mestre) em detrimento destes interesses “externos”, em especial no que tange a enquadramentos no sistema social e econômico vigente, estimulando a competição e o lucro, por exemplo, típicos de uma visão empresarial; assim como a própria “folclorização” que estimula transformações voltadas para apresentações e espetáculos, fenômeno este já bastante conhecido de muitas tradições populares brasileiras. No entanto, alguns apontamentos gerais ainda podemos fazer.
    1 CARNEIRO, Édison. Cadernos de Folclore. n.1, “Capoeira”. MEC/FUNARTE. Rio de Janeiro; 1975. p.9
    2 Preferimos o termo zelador, no lugar de mestre, por melhor demonstrar o papel desta pessoa, que é do cuidar da capoeira. No entanto, a nomenclatura usual é a de mestre, remetendo à dicotomia mestre-aprendiz, resquício de idéias tecnicistas, militares e/ou pedagogicamente tradicionais. Um paralelo pode ser feito com
    outras tradições “afro”, como a expressão zelador(a)-de-santo no lugar de pai ou mãe-de-santo de
    Candomblés e Umbandas.
    3 Praticantes de capoeira
    GRIFO: FIS -Faculdades Integradas Simonsen
    Departamento de História Curso de Pós-Graduação em História da África e da Diáspora Africana no Brasil, Bruno Rodolfo Martins
    RAÍZES ÉTNICAS DA CAPOEIRA
    Rio de Janeiro
    Fevereiro 2010

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  2. O LIVRO DAS ADIVINHAS ANGOLANAS
    AMÉRICO CORREIA DE OLIVEIRA

    VOCABULÁRIO DE ORIGEM LINGUÍSTICA BANTU
    (Aportuguesado ou não)

    Batuque, s. m. 1. Dança especial entre os negros [...]. É dança com sapateados e palmas. 2. Caixa forte, muito grande tocada com as mãos, usada no Congo. [Termo africano, do Landim
    batchuque, tambor, baile. Nada tem a ver com o verbo bater (Dalgado)]. (GEPB, Vol. 4, 386). De batucar. Der. de bater(?); significa “bater continuamente, tamborilar”. (MACHADO, J. P., 1977:Vol. I, 405)

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