viernes, 11 de septiembre de 2009

Do cativeiro ao mar: escravos na Marinha de Guerra1

Álvaro Pereira do Nascimento
Para se ter uma idéia dessa pressão, no Relatório do Ministro da Marinha (1888 "Annexos") nota-se que, de 1840 a 1888, foram recrutados à força 6.271 homens para o Corpo de Imperiais Marinheiros, e recebidos somente 460 voluntários. Essa diferença com certeza asseverava o dito por vários ministros da Marinha ao longo do século XIX e início do XX, isto é, a falta de voluntários levava ao imediatismo do recrutamento forçado (Nascimento 1997: cap. 2). Entre as autoridades civis, os chefes de polícia eram o braço direito do ministro da Justiça e dos presidentes de província para assuntos de alistamento, e precisavam pôr seus delegados e subdelegados na rua para alcançar a quantidade de alistados destinada à cada província. Nesse sentido, todo homem pego pela malha como recruta, suspeito de deserção, vadio, arruaceiro, gatuno, capoeira ou órfão poderia ser enviado para a Marinha ou para o Exército. Se até um homem negro com sinais de castigo podia ser capturado e enviado para as Forças Armadas, o que dizer daqueles sem marcas?
.........Mando apresentar [...] o moleque livre Martinho de Tal, solteiro, de 16 anos, capoeira, ex-sineiro da igreja de Santa Anna, e que pretende passar por peruano quando até mal sabe uma ou outra palavra de espanhol e aqui na Corte é muito conhecido, infelizmente, sempre vadio.11
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-546X2000000200005

Depois de vinte anos passados do fim do trafico atlântico – legal – de negros, a capoeira
deixara de ser exclusividade destes. Brancos europeus, portugueses e mestiços livres a
praticavam (BRETAS, 1989:58).
“O início dos anos 60 foi em particular um período crítico de
transição da capoeira como um fenômeno marcadamente escravo e negro para uma capoeira
mesclada de participação até de imigrantes” (SOARES, 1994: 103). Durante a segunda metade
do século XIX ocorreu uma simbiose do universo da capoeiragem com o mundo militar.
Aproveitavam-se os capoeiras das rixas entre militares e policiais para protegerem-se. Ao final
da Guerra do Paraguai o centro de poder passa da Guarda Nacional para o Exército. Não
foram poucos os feitos heróicos realizados por soldados capoeiras durante a guerra. São
variados os relatos, inclusive de oficiais, de admiração aos soldados e a capoeira2. Durante o
início do século XX as instituições militares foram focos da prática da capoeira.
http://www.cppa.com.br/attachments/File/LIVROS%20E%20ARTIGOS/A%20capoeira%20no%20Rio%20de%20Janeiro%201910-1950%20-%20narrativas%20de%20Mestre%20Celso.pdf

No hay comentarios:

Publicar un comentario