foto:Pastinha e Jorge Amado.
Trava-se atualmente nos arraiais da capoeira na Bahia uma grande discussão.Acontece que mestre Bimba foi ao Rio de Janeiro mostrar aos cariocas da Lapa como é que se joga capoeira. E lá aprendeu golpes de catch-as-catch-can, de jiu-jitsu, de boxe. Misturou tudo isso à capoeira de Angola, aquela que nasceu de uma dança dos negros, e voltou à sua cidade falando numa nova capoeira, a “capoeira regional”. Dez capoeiristas dos mais cotados me afirmaram, num amplo e democrático debate que travamos sobre a nova escola de mestre Bimba, que a “regional” não merece confiança e é uma deturpação da velha capoeira “angola”, a única verdadeira. (Amado, 1958: 185)
..............No entanto, essas novas representações da luta afro-brasileira, que a integraram à esfera do folclore e ao contexto das exibições turísticas, alteraram a sua maneira de ser praticada. A capoeira começou a ser vista como um espetáculo, o que a levou a um flagrante processo de pacificação. Essa mudança pode ser sentida no próprio discurso de mestre Pastinha:
No começo é que foi bom, capoeira era luta mesmo, era briga mortal. Por isso é que não pode ser esporte (...). Para o capoeirista brigar, tem que dar o golpe com força mortal. Por isso que agora se faz o jogo de capoeira à distância maior que o normal, mais lenta, para não acertar, para não matar ninguém. (O Estado de São Paulo, 16 de novembro de 1969.
No começo é que foi bom, capoeira era luta mesmo, era briga mortal. Por isso é que não pode ser esporte (...). Para o capoeirista brigar, tem que dar o golpe com força mortal. Por isso que agora se faz o jogo de capoeira à distância maior que o normal, mais lenta, para não acertar, para não matar ninguém. (O Estado de São Paulo, 16 de novembro de 1969.
...............O escritor Jorge Amado também reage às transformações realizadas por Bimba, publicando o seguinte trecho, em que afirma abertamente a sua posição:
Trava-se atualmente nos arraiais da capoeira na Bahia uma grande discussão.Acontece que mestre Bimba foi ao Rio de Janeiro mostrar aos cariocas da Lapa como é que se joga capoeira. E lá aprendeu golpes de catch-as-catch-can, de jiu-jitsu, de boxe. Misturou tudo isso à capoeira de Angola, aquela que nasceu de uma dança dos negros, e voltou à sua cidade falando numa nova capoeira, a “capoeira regional”. Dez capoeiristas dos mais cotados me afirmaram, num amplo e democrático debate que travamos sobre a nova escola de mestre Bimba, que a “regional” não merece confiança e é uma deturpação da velha capoeira “angola”, a única verdadeira. (Amado, 1958: 185)
nota del pesquisador :
Andre Luiz Lacé Lopes: ATLAS - Capoeiragem
Escrito por Andre Luiz Lacé Lopes
Terça, 10 Janeiro 2006
Andre Luiz Lacé Lopes: ATLAS - Capoeiragem
Escrito por Andre Luiz Lacé Lopes
Terça, 10 Janeiro 2006
1944 AMADO, Jorge. Bahia de todos os santos (1º Edição). 21a. edição revista e atualizada. São Paulo: Martins, 1971. O livro foi publicado pela primeira vez no ano de 1944. Como todas as obras de Jorge Amado, esta também vem sendo reeditada constantemente e lançada em várias outras línguas pelo mundo afora. A partir da 22º edição, entretanto, um substancial e revelador parágrafo foi suprimido. Justamente o que menciona uma visita de Mestre Bimba ao Rio de Janeiro onde foi surpreendido pela alta eficácia da capoeira carioca. Especialistas em Bimba e em Amado defendem que o trecho foi apenas uma fantasia do grande escritor.
THE MALANDRO, OR ROGUE FIGURE,
ResponderEliminarIN THE FICTION OF JORGE AMADO*
Above ali, the Amadian rogue, or malandro, 1 is a master of cunning and mischief whose
humorousness results as much from a hypertrophic flair for outwitting a hostile society as it does from an all-pervasive joie de vivre. A free-wheeling vagabond, his love of liberty is rivaled only by the deep-seated scorn he feels for the dos and don'ts of the dominant class. Thus, for author and reader alike, he provides no small amount of vicarious pleasure as he thumbs his nose at the high and mighty. Somewhat paradoxically, the malandro affords a strange blend of the wily, fun-loving trickster and the boastful impostor.- By necessity, he is always one step ahead of the next fellow, for astuteness and artful deception are his stock-in-trade. Like the dolosus servus, or tricky slave, in the comedy of bygone times, ali he really desires is to be or remain free. Yet, unlike the Socratic eiron, he is in no way the retiring, behind-the-scenes operator who makes himself invulnerable to the onslaughts of the aggressor by modesty or self-effacement. On the
contrary, due to his inordinate swagger and dangerous habit of over-extending his neck, the
malandro is forever leaving himself open to an eventual comeuppance. And this, in turn, is
postponed time and again only by virtue of his guile.
As Nancy Baden has accurately observed, the rogue of Amado's fiction-Iike the picara of
the Spanish genre-normally embarks upon a life of rascalry during his childhood.^ Thus, the moleque or capitSo-da-areia is in essence a younger, or apprentice, versión of the seasoned
scamp. It is the latter who ordinarily serves to initiate him into the mysteries of bohemianism. Henee, António Balduíno o{ Jubiabá^ is turtored in the ways of the world by the invetérate idler, Zé Camarão, while Dona Flor's^ Vadinho learns to live by his wits from Anacreon, a Professional cardsharp. More often than not, the rather unconventional curriculum of a young malandro includes the arts of capoeira (Afro-Brazilian leg fighting), gambling, conversation, gourmet eating, tippling and sex. In addition, it is frequently rounded out by liberal doses of
storytelling, guitar-playing and samba.
FUente: Mester (1970)
Author: University of California, Los Angeles. Dept. of Spanish and Portuguese
Volume: v.6 no.2